Quando o assunto é carro popular, Estados Unidos e Brasil vivem realidades completamente diferentes. Nos Estados Unidos, em 2024, o mercado oferece uma vasta gama de veículos acessíveis, enquanto no Brasil, os chamados “populares” se tornam cada vez menos acessíveis para a maioria da população. Vamos entender como isso acontece, comparando preços e poder de compra.
Nos Estados Unidos, carros considerados de entrada custam, na média, menos que os brasileiros quando comparados diretamente, mas com a diferença fundamental de que os salários americanos permitem que esses veículos sejam comprados com menos esforço financeiro. Aqui estão alguns exemplos de carros baratos no mercado norte-americano em 2024:
No Brasil, os carros populares têm preços que podem parecer equivalentes, mas, na prática, são muito mais difíceis de adquirir. Para se ter uma ideia:
Agora vem a questão crucial: enquanto o brasileiro vê preços que, na teoria, poderiam ser considerados “equivalentes” aos praticados nos Estados Unidos, o salário médio nominal nos EUA, de cerca de US$ 63.795 anuais, ou US$ 5.316 mensais, é significativamente maior do que o salário médio nominal brasileiro, de aproximadamente R$ 2.979 mensais. Isso significa que, em termos absolutos, o trabalhador americano ganha cerca de 18 vezes mais do que o brasileiro quando convertidos para a mesma moeda.
Ou seja: o que um brasileiro ganha em um ano e meio de trabalho, o americano ganha em um mês.
Para o americano médio, o carro mais barato (o Nissan Versa, a US$ 17.225) equivale a pouco mais de 3 salários médios mensais. Já no Brasil, o Fiat Mobi, o carro mais barato disponível, custa quase 25 salários médios mensais! Isso demonstra como o esforço financeiro para adquirir um veículo é muito maior para o brasileiro.
Além disso, nos Estados Unidos, as taxas de juros para financiamento são menores, com opções acessíveis que tornam a compra de um carro um objetivo viável para a maioria das famílias. No Brasil, além dos preços elevados, as taxas de financiamento podem ultrapassar 20% ao ano, dificultando ainda mais a aquisição.
A discrepância fica ainda mais evidente quando comparamos o preço de um carro esportivo icônico como o Ford Mustang:
A diferença é gritante. Enquanto um americano pode adquirir um carro esportivo de prestígio como o Mustang sem comprometer tanto o orçamento, no Brasil, ele se torna praticamente um item de luxo inatingível para a maior parte da população.
Para você ter uma ideia, uma Honda CG 160 Titan, de R$ 19.230, custa cerca de 6,5 salários médios. Para um americano, a dificuldade de comprar um Mustang GT é só um pouco maior que para um brasileiro comprar uma CG. Considerando financiamento e leasing, por lá, na verdade, é até mais fácil.
Parte dessa discrepância vem da carga tributária. No Brasil, impostos como ICMS, PIS/Cofins e IPI representam uma fatia considerável do preço final de um veículo, enquanto nos EUA, os tributos sobre carros são significativamente menores.
Outro fator é a escala de produção. A indústria automotiva americana tem um mercado interno robusto e maior competitividade, enquanto no Brasil a produção ainda sofre com custos logísticos e energéticos elevados, além de um mercado menos dinâmico.
A diferença de poder de compra é gritante. Enquanto um americano médio pode escolher entre modelos econômicos ou até mesmo esportivos como o Mustang com certa facilidade, um brasileiro de renda média muitas vezes recorre ao mercado de usados para encontrar um veículo que caiba no orçamento. Carros com cinco ou até dez anos de uso continuam sendo a escolha mais comum no Brasil, enquanto nos EUA é relativamente fácil para um trabalhador adquirir um carro novo ou até um modelo esportivo.
Embora os preços nominais entre Brasil e Estados Unidos possam parecer semelhantes à primeira vista, o contexto econômico e o poder de compra mostram que a distância entre as duas realidades é imensa. Para que um brasileiro médio tivesse a mesma facilidade de compra que um americano, seria necessário um ajuste profundo nos salários e nos custos dos veículos.
Enquanto isso não acontece, resta ao consumidor brasileiro encontrar alternativas criativas, como recorrer a modelos seminovos, ou esperar por condições especiais de financiamento que, infelizmente, nem sempre são vantajosas. Já nos Estados Unidos, o cenário continua favorável para quem busca um carro de entrada ou até mesmo esportivos, reforçando as diferenças socioeconômicas entre os dois países.
Imagem: homem olhando para sua carteira vazia em frente a seu carro esportivo (Arte/Blogolandia)
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