As últimas notícias para o mercado automobilístico nacional não foram nada animadoras. O mês de fevereiro fechou com um total de vendas na casa dos 129,9 mil carros comercializados, incluindo ônibus, caminhões, utilitários leves e carros de passeio. O que esse dado traz de especial é que foi o resultado mais baixo observado para o segundo mês do ano, nos últimos 17 anos.
Em termos mais simples, esse número representa uma diminuição de 1,9% em comparação a fevereiro de 2022. Vale observar que as coisas naquela época já não estavam muito boas, especialmente devido as restrições pelas quais o mercado passava.
A título de curiosidade, se considerado o mês de janeiro, os resultados também deixaram a desejar, visto que a queda registrada foi de 9,1%.
Esses números foram divulgados no início do mês de março pela Fenabrave, entidade que representa as concessionárias de automóveis. Além disso, eles deixam claro o esfriamento em relação a demanda considerando apenas 18 dias para venda, visto que tivemos a parada para o feriado de Carnaval e, para piorar a situação, as fortes chuvas que deixaram São Paulo em uma situação complicada. Lembrando que estamos falando do estado que é o maior mercado do país.
De acordo com José Maurício Andreta Júnior, presidente da Fenabrave, é algo positivo que as vendas no mercado de veículos leves tenham registrado uma queda de apenas 8,2% em relação ao mês anterior, considerando que este teve quatro dias a menos. Segundo ele, isso se deve à melhor oferta de carros no mercado, o que tem contribuído para equilibrar a relação entre oferta e demanda.
Apesar de os gargalos na produção terem diminuído gradualmente, em razão da resolução da crise de fornecimento de componentes eletrônicos, a venda de veículos agora enfrenta obstáculos como juros mais altos, endividamento das famílias e baixo crescimento econômico.
Contudo, o volume acumulado de vendas nos dois primeiros meses do ano registra uma variação animadora, com a comercialização de 272,7 mil unidades, número que representa um aumento de 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Se a notícia anterior não foi muito animadora, o resto do ano não guarda grandes perspectivas. A expectativa é que em 2023 o setor automotivo consiga manter o ritmo de recuperação, ainda que seja de forma lenta.
Isso se deve não apenas aos gargalos na produção de semicondutores, mas também às questões econômicas, como o crédito mais caro, como apontamos acima. Segundo o presidente da Anfavea, a questão dos juros é a mais urgente para o setor, pois a redução das taxas é fundamental para atrair mais compradores de veículos novos, especialmente os modelos de entrada. A Anfavea também destacou que temas como a reindustrialização e a descarbonização apresentam desafios e oportunidades para o setor.
Quanto aos investimentos nas empresas do segmento automotivo, ao que tudo indica, o mais importante será naquelas que apresentam bons fundamentos para superar os momentos de crise e se manter competitivas enquanto o setor apresentar sinais de recuperação.
Redação Denisson Soares
Imagem: fábrica da GM de São José dos Campos, com produção interrompida em março por falta de demanda. Crédito: GM do Brasil
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Política de Cookies
Quer deixar um comentário?