O conceito de “carro popular” no Brasil parece estar cada vez mais distante da população. A imagem que viralizou recentemente, do Insta Carro, expõe uma dura realidade: para adquirir um Renault Kwid, o carro mais acessível da lista, é preciso desembolsar 53 salários mínimos, o equivalente a R$ 74.590. Já modelos como o Fiat Cronos chegam a impressionantes 68 salários mínimos, ou R$ 95.990. A questão que fica é: até onde vai essa disparidade entre os rendimentos médios dos brasileiros e os preços dos automóveis?
Agora, façamos uma comparação intrigante com os Estados Unidos, onde o salário mínimo na Flórida, por exemplo, é de US$ 13 por hora, somando cerca de US$ 2.080 mensais (aproximadamente R$ 10.400). Por lá, o Nissan Versa — um sedã compacto com boa aceitação — custa pouco mais de US$ 17.000, ou cerca de 7 salários mínimos locais. É mais fácil que comprar uma Honda CG 160 de R$ 20 mil no Brasil (14 salários mínimos). O equivalente americano da CG seria um carro na faixa de US$ 30 mil, como um Chevrolet Equinox 2025.
Ou seja, algo que o trabalhador americano consegue adquirir com relativa facilidade, ao contrário do brasileiro, que precisa de quase cinco anos de trabalho para pagar o equivalente a um modelo básico de entrada.
Se olharmos para veículos de luxo, como o BMW X7 ou o Porsche Cayenne, que custam em torno de US$ 100.000, eles representam cerca de 50 salários mínimos americanos. Para comparação, no Brasil, carros que custam na faixa de 50 salários mínimos, como o Renault Kwid e o Fiat Mobi, da lista, chegam a preços que nos Estados Unidos equivaleriam a automóveis de alto padrão. Ou seja, o que por lá é um símbolo de luxo e status, por aqui é apenas um modelo considerado “popular”.
E piora. Com os 68 salários mínimos do Fiat Cronos, um americano ganhando o equivalente leva para casa uma belíssima Cadillac Escalade-V topo de linha.
Esses números revelam mais do que uma disparidade de preços: mostram um abismo no poder de compra. Nos Estados Unidos, mesmo trabalhadores com salários mínimos têm acesso a veículos novos e de qualidade em menos de um ano de trabalho. Já no Brasil, a combinação de baixos salários e altos impostos sobre produção e importação coloca os automóveis “populares” em um pedestal inacessível para boa parte da população.
Enquanto não houver uma revisão nesse cenário — seja pela redução de impostos, seja pelo aumento real do poder de compra dos brasileiros —, a distância entre o sonho e a realidade continuará sendo medida, literalmente, em salários mínimos. O “popular” brasileiro talvez precise ser redefinido para refletir algo que o consumidor realmente possa alcançar.
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