GP do Brasil de Fórmula 1 em Balneário Camboriú pode virar realidade

Prefeito de Balneário Camboriú confirmou conversas

Imagine o ronco ensurdecedor dos motores V6 híbridos ecoando pelas praias de areias brancas, o cheiro de borracha queimada misturado à brisa salgada do Atlântico e a adrenalina de ver carros a mais de 300 km/h rasgando um traçado entre a modernidade urbana e o charme costeiro. Para os moradores e turistas de Balneário Camboriú e sua vizinha Camboriú, no litoral de Santa Catarina, essa cena pode parecer um devaneio distante. Mas, nos últimos meses, o que era apenas um sussurro entre entusiastas do automobilismo ganhou contornos de possibilidade: a Fórmula 1, o pináculo das corridas mundiais, pode estar mirando a região para fincar sua bandeira quadriculada.

A história começou a tomar forma em março de 2025, quando o prefeito de Balneário Camboriú, Leonel Pavan, deixou escapar uma bomba que agitou os corações dos fãs de velocidade. Em uma entrevista à Rádio Menina, ele revelou que representantes da Fórmula 1 bateram à sua porta, interessados em transformar a pacata cidade num palco para o circo itinerante da categoria. Não era apenas conversa de corredor: Pavan falou de uma área já definida, um terreno medido e pronto para receber um autódromo capaz de abrigar mais de 20 mil espectadores nas arquibancadas. O projeto, segundo ele, está "andando bastante", com investidores de olho no potencial de colocar o sul do Brasil no mapa global do esporte a motor.

Mas o que seria esse autódromo? Seria um circuito permanente, esculpido nas colinas verdes de Camboriú, ou uma ousada pista urbana, serpenteando pelas avenidas largas e arranha-céus espelhados de Balneário Camboriú? A imaginação corre solta. Nas redes sociais, já há quem brinque com traçados fictícios: largadas na Barra Sul, curvas fechadas perto da roda gigante e uma zona de DRS ao longo da Avenida Atlântica, com o mar como pano de fundo. Um post no X, datado de 1º de abril, chegou a detalhar esse cenário com tanto entusiasmo que muitos quase acreditaram — até notarem a data, um clássico do Dia da Mentira. Ainda assim, a brincadeira reflete o quanto a ideia mexe com o imaginário local.

Por trás do glamour, porém, há uma pista cheia de obstáculos. Construir um circuito de Fórmula 1 não é tarefa simples. Estamos falando de um investimento que facilmente ultrapassa centenas de milhões de dólares, entre terraplanagem, asfalto de padrão internacional e infraestrutura para equipes, imprensa e VIPs. A região tem seus trunfos — o turismo pujante de Balneário Camboriú, com seus hotéis de luxo e vida noturna agitada, seria um chamariz natural para o público endinheirado da F1. Mas há pedras no caminho. O Aeroporto de Navegantes, o mais próximo, não comporta os gigantescos aviões de carga que transportam os carros e equipamentos da categoria. A solução? Desviar a logística para Florianópolis ou até Curitiba (onde a equipe de F1 da Red Bull fez um evento recentemente, talvez até testando a recepção do público), encarecendo o plano e testando a paciência dos organizadores.

E tem mais: o calendário da Fórmula 1 é um quebra-cabeça apertado, com mais de 20 corridas disputando espaço. Para entrar na dança, Camboriú precisaria convencer a Formula One Management (FOM), o braço comercial da categoria, de que vale a pena. Isso significa não só um circuito impecável, homologado pela FIA, mas também uma garantia de retorno financeiro — algo que países como Arábia Saudita e Qatar, com seus cofres cheios de petróleo, têm feito com maestria. No Brasil, que já abriga o GP de São Paulo em Interlagos, a concorrência interna também pesa. Será que o país aguenta dois Grandes Prêmios?

Enquanto o local exato do suposto autódromo permanece um mistério — a prefeitura jura que só vai abrir o jogo quando tudo estiver fechado —, a região já sente o gostinho da expectativa. Camboriú, conhecida mais por suas cachoeiras e tranquilidade rural, poderia se transformar num polo de velocidade. Balneário Camboriú, por sua vez, sonha em adicionar mais um título à sua fama de "Dubai brasileira": o de capital brasileira da Fórmula 1. E Pavan, não satisfeito com um só plano audacioso, jogou outra carta na mesa: uma corrida de rua da IndyCar em 2026, aproveitando as avenidas largas da cidade vizinha. Seria um aquecimento para algo maior ou um plano B caso a F1 escorregue?

Por ora, tudo não passa de um esboço em alta velocidade. Não há máquinas no terreno, nem traçado oficial no papel. Mas o ronco da possibilidade já acelera os ânimos. Seja nas curvas de um autódromo novinho em Camboriú ou nas retas improváveis de Balneário Camboriú, o sonho de ver Lewis Hamilton, Max Verstappen e companhia disputando posições no litoral catarinense está vivo. Resta saber se ele vai cruzar a linha de chegada ou ficar apenas na largada. Até lá, os olhos dos fãs — e dos céticos — seguem grudados no retrovisor, esperando o próximo capítulo dessa corrida contra o improvável.

Imagem: uma concepção artística de uma pista de Fórmula 1 passando pela icônica Estrada da Rainha, com um traçado adequado à Fórmula 1. Arte/Blogolandia

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