A GAC Motor, uma das gigantes do setor automotivo chinês, chegou ao Brasil com força total, lançando cinco modelos em maio de 2025 e prometendo mais dois até o fim do ano. Com um investimento de US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 7,4 bilhões) para os próximos cinco anos, a marca aposta em uma gama diversificada de veículos elétricos, híbridos e a combustão, além de uma fábrica no país e parcerias acadêmicas. A estreia, realizada no Distrito Anhembi, em São Paulo, contou com a presença do cantor Gilberto Gil, que se tornou um dos primeiros proprietários de um carro da GAC no Brasil. Como parceira de longa data da Toyota e da Honda na China, a GAC traz ao Brasil sua expertise global, mas até que ponto essas colaborações influenciam os modelos lançados por aqui? Confira os detalhes dos lançamentos e suas conexões com as duas montadoras japonesas.
A GAC apresentou cinco modelos no Brasil, sendo quatro elétricos e um híbrido, posicionando-se em um mercado onde SUVs e eletrificados dominaram 47,91% das vendas de carros novos em 2024, segundo a Fenabrave. Abaixo, os veículos e suas relações com Toyota e Honda, quando aplicável:
Este sedã médio elétrico, com preço inicial de R$ 169.990, é o modelo de entrada da GAC, rivalizando com o BYD Seal. Com 4,81 metros de comprimento, motor de 136 cv, bateria de 55,2 kWh e autonomia de 314 km (Inmetro), oferece multimídia de 10,1 polegadas e assistentes avançados, como frenagem autônoma. Na China, o Aion ES Plus deriva do Aion S, que serve de base para o GAC-Toyota iA5, vendido em concessionárias Toyota Leahead com motor de 180 cv e bateria de 58,8 kWh. Não há conexão direta com a Honda, e o ES Plus brasileiro é um projeto independente da GAC Aion, sem tecnologias específicas de Toyota ou Honda.
Um SUV elétrico com design de minivan, voltado para famílias, custa entre R$ 174.990 (Premium) e R$ 184.990 (Elite). Com 204 cv, bateria de 63,2 kWh e autonomia de 318 km, destaca-se pela modularidade interna, semelhante ao Honda Fit, e recursos como carregador por indução. Não há relação direta com Toyota ou Honda, sendo um desenvolvimento próprio da GAC Aion, já presente em mercados como Tailândia e México.
Único híbrido pleno da linha inicial, este SUV médio custa entre R$ 189.990 (Premium) e R$ 199.990 (Elite). Combina um motor 2.0 aspirado de 140 cv com um elétrico de 182 cv, totalizando 235 cv, e oferece autonomia de 705 km. Concorrente de Toyota Corolla Cross e GWM Haval H6, o GS4 utiliza um conjunto híbrido (HEV) desenvolvido em parceria com a Toyota para o mercado chinês, adaptado pela GAC para combustíveis flex no Brasil. A joint venture GAC Toyota, estabelecida em 2004, forneceu know-how em sistemas híbridos, como os usados no Camry Hybrid, mas o motor do GS4 é uma criação própria da GAC, com ajustes locais.
Este SUV médio elétrico, com preço de R$ 214.990, entrega 204 cv, bateria de 72,7 kWh e autonomia de 389 km, com recarga rápida (30% a 80% em 16 minutos). Na China, o Aion V é a base do GAC-Toyota Bozhi 3X, um SUV elétrico lançado em 2025 por cerca de US$ 14.500 (104.800 yuan), que atraiu mais de 10.000 pedidos em uma hora. A Toyota contribuiu com ajustes de design e integração de tecnologias, como o chip Orin X, mas a plataforma e o motor são da GAC Aion.
Um SUV coupé elétrico premium, com preços de R$ 299.990 (Elite) a R$ 349.990 (Ultra), oferece 245 cv, autonomia de 362 km e equipamentos de luxo, como som Dolby Atmos. Concorrente do Tesla Model X, é um projeto independente da sub-marca Hyptec, sem relação direta com Toyota ou Honda.
A GAC planeja completar sua meta de sete modelos com dois lançamentos até dezembro de 2025:
A GAC é única por manter parcerias estratégicas com Toyota e Honda na China, por meio das joint ventures GAC Toyota (2004) e GAC Honda (1998), ambas com sede em Guangzhou. A GAC Toyota, com produção de modelos como Camry Hybrid e Bozhi 3X, influenciou diretamente o GS4 híbrido, com tecnologia HEV, e o Aion V, base do Bozhi 3X. Já a GAC Honda, responsável por modelos como Accord e e:N series, não tem impacto direto nos modelos brasileiros, mas sua experiência com veículos elétricos, como o Everus, fortaleceu a capacidade da GAC em desenvolver a linha Aion.
A joint venture com a Honda, iniciada após o fracasso da parceria com a Peugeot, permitiu à GAC produzir o Honda Accord em 1999 e, mais recentemente, focar em veículos elétricos, com uma nova fábrica de 120.000 unidades/ano inaugurada em dezembro de 2024. Embora a Honda não esteja diretamente ligada aos modelos brasileiros, a expertise adquirida pela GAC em manufatura e eletrificação, graças a essas parcerias, reflete-se na qualidade dos veículos lançados no Brasil.
A GAC está estruturando uma operação robusta no Brasil, com 33 concessionárias e 50 pontos de venda em shoppings, mirando 120 pontos até o fim de 2025. Um centro de distribuição de peças em Cajamar (SP), gerido pela DSV, garante agilidade no pós-venda. A marca oferece garantias de 8 anos ou 160.000 km para elétricos (200.000 km para baterias) e 5 anos ou 150.000 km para o GS4. Compradores até 30 de junho de 2025 recebem carregadores portáteis, assistência 24 horas por dois anos e internet grátis. Um programa de recompra assegura 90% do valor da tabela FIPE, e parcerias com blindadoras como Carbon e BLC permitem personalização sem perda de garantia.
O investimento inclui uma fábrica, com produção prevista para 2026, possivelmente em Catalão (GO), na antiga planta da Mitsubishi, e um centro de P&D no Nordeste, com R$ 120 milhões em parcerias com universidades (UFSC, UFSM, Unicamp) para motores híbridos flex. A GAC também fornecerá veículos elétricos para a frota da COP30, em Belém, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade.
Com metas de 8.000 unidades vendidas em 2025 e 29.000 em 2026, a GAC se posiciona como uma concorrente de peso, desafiando marcas como BYD, GWM e Toyota. Sua estratégia diversificada, com modelos a combustão, híbridos e elétricos, reflete a experiência adquirida em parcerias com Toyota e Honda. O GS4 híbrido e o Aion V, com laços indiretos e diretos à Toyota, mostram como a GAC adapta tecnologias globais ao mercado brasileiro. Sem conexões diretas com a Honda nos modelos lançados, a influência da joint venture GAC Honda aparece na qualidade de manufatura e no foco em eletrificação. A GAC não apenas estreia no Brasil; ela promete acelerar rumo a um futuro mais sustentável e competitivo.
Crédito das imagens: divulgação/GAC
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