Crise energética europeia acende um alerta sobre viabilidade de frota 100% elétrica, como querem legisladores.
A Europa tem apostado alto no segmento de veículos elétricos como uma das principais alternativas para enfrentar problemas ambientais, pois carros a combustão liberam, na atmosfera, altos índices de gás carbônico (CO2), um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, uma vez que atuam para reter calor e, com isso, super aquecer o planeta. Os carros elétricos, por sua vez, contam com emissão zero de CO2, algo que os torna uma alternativa sustentável para reduzir os danos causados ao planeta pelos carros e demais veículos a combustão.
A União Europeia (UE), inclusive, publicou, recentemente, documento que proíbe a venda de carros a combustão (a diesel ou gasolina) no continente, a partir de 2035. Para isso, as montadoras têm de reduzir, até 2030, em 55% as emissões de gás carbônico, até eliminarem por completo, em 2035. As decisões são válidas para os 27 países que compõem atualmente a UE. Naturalmente houve protestos por parte de alguns países, entre eles a Itália, os quais alegaram que a proibição seria uma medida radical demais a ser tomada pela UE. Apesar dos protestos, Jan Huitema, responsável por negociar a proposta no Parlamento da União Europeia, comemorou o acordo, afirmando que seria o primeiro passo para tornar veículos de emissão zero acessíveis a todos. Dessa forma, veículos elétricos parecem ser sinônimo de futuro quando pensamos em transportes.
No entanto, essa certeza acerca dos carros elétricos sofreu recentemente um duro golpe: a Suíça estuda a possibilidade de limitar ou, até mesmo, proibir carros elétricos neste inverno, a fim de economizar energia. A informação, noticiada pelo jornal inglês Daily Mail, abre espaço para questionamentos acerca da viabilidade de se investir apenas em carros elétricos, como quer a UE.
Apesar de a maior parte da energia consumida na Suíça ser produzida por hidrelétricas, o país importa energia de França e Alemanha (esta última com uma considerável base enérgica sobre combustíveis fosseis ainda, o que só transfere a emissão do carro para a usina) e, dessa forma, está sujeito a enfrentar problemas caso esses dois países não possam mais fornecer energia. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia está afetando a distribuição do gás russo aos países da Europa, entre eles a Suíça.
Esses problemas estão preocupando as autoridades do país, que busca soluções para prevenir eventuais crises de falta de energia. Entre as propostas, estaria a possibilidade de regulamentar os deslocamentos a serem realizados por carros elétricos durante o inverno, sendo liberados apenas o uso privado dos veículos para realizar compras, ir ao médico, comparecer em eventos religiosos e jurídicos, ou ir ao trabalho, por exemplo. Um limite de velocidade poderia ser também estabelecido.
Essas questões ainda estão sendo debatidas pelas autoridades e especialistas na Suíça, mas já acendem o alerta sobre os veículos elétricos como única opção no continente europeu futuramente e, assim, o alto consumo energético pode se tornar um entrave para os planos da UE.