Dacia (Renault) defende carros mais baratos, com menos itens de segurança

Tornar os carros cada vez mais seguros é algo bom, mas como argumenta o CEO da Dacia, há itens de segurança ativa que são desnecessários.

Um carro básico, sem ABS, airbags e outros itens de segurança, mas de preço baixo, não seria mais seguro que empurrar o consumidor para motos, menos seguras? A Dacia (subsidiária da Renault que produz Sandero, Logan, Kwid e Duster) pensa que sim, clientes não deveriam ser obrigados a comprar carros recheados de itens de segurança.

Segundo Denis Le Vot, CEO da Dacia, há itens que são desnecessários e encarecem os modelos. Um exemplo que ele citou, em entrevista ao Top Gear, foi o assistente de permanência na faixa, que motoristas normalmente desativam. Portanto, a Dacia simplesmente não colocará esse item nos carros.

Le Vot diz que é preciso fazer escolhas. Por exemplo, um carro deve ter um bom desempenho num “crash test” para proteger seus ocupantes em batidas frontais e laterais (segurança passiva), mas dar nota mais baixa no EuroNCap simplesmente porque não vem com um item que agora é obrigatório (como é o caso do assistente de permanência na faixa, segurança ativa), é algo que ele é contra.

O CEO da Dacia é uma voz dissonante contra a tendência de eletrificação e adição de itens de segurança que não colaboram muito com a redução da severidade e do número de acidentes. Ele mesmo já disse que o foco da Dacia, até 2035, será em motores a combustão.

O problema do carro seguro, mas muito caro

São questões importantes. Carros muito caros acabam empurrando os consumidores para motos e bicicletas elétricas, que não oferecem airbags ou cintos de segurança, sendo menos seguros que carros com quatro rodas.

Carros como aqueles produzidos na década de 2000, por exemplo, eram sim, menos seguros. Mas como mensurar esses riscos? É inquestionável que um carro com dispositivos de segurança faz sim diferença em relação a possíveis acidentes. Itens como airbags, freios ABS, câmeras de ré e tantos outros diminuem a possibilidade de um acidente e, se esse acontecer, diminuem muito a letalidade dessas colisões. Porém, esses mesmos itens fazem com que os veículos fiquem cada vez mais caros e inviabiliza a compra para a maioria da população, como mencionado acima.

Isso aparece em estatísticas oficiais brasileiras, por exemplo, onde percebe-que o número de acidentes vem diminuindo. No entanto, um outro problema sério tem aparecido nas estatísticas, o aumento no número de feridos graves, com 2,5 milhões de inválidos e aumento de 142% em invalidez permanente em dez anos, estatísticas puxadas por acidentes com motos.

Assim, algumas montadoras, como a Dacia europeia, defendem que seria uma opção melhor ter um carro mais barato com menos itens de segurança. Uma moto, a princípio, oferece mais risco por deixar o condutor mais exposto. Isso depende, na verdade, do dia a dia de cada um. Para alguns, em virtude de trânsito e tantos outros problemas de mobilidade que hoje temos no Brasil, uma moto ou bicicleta elétrica podem sim ser uma opção mais razoável e não só pela diferença de valor. Isso se modifica quando falamos de homens e mulheres que possuem filhos e moram em um local mais afastados dos grandes centros. Nesses casos a segurança, estabilidade e conforto fazem sim bastante diferença.

Levando todo esse cenário em conta não há como também não mencionar a questão ambiental, pois motos, dependendo de como é alimentada (estamos falando das motos elétricas) têm impacto no meio ambiente menor, o que seria muito benéfico a sociedade, porém infelizmente a maioria das famílias não podem se dar a esse “luxo”.

De qualquer forma, fica a pergunta: não seria interessante deixar haver opções de carros com menos itens de segurança, mas menor potência, para voltarmos a ter os carros mais básicos que tínhamos nos anos 1990 e 2000?

Airbags do Sandero

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