Iniciativa visa incentivar adoção de veículos elétricos e formas mais sustentáveis de transporte. Mas a Europa tem energia para isso?
Que tal trocar o seu carro por uma bicicleta elétrica e, em contrapartida, ganhar até 4 mil euros por isso (cerca de 20 mil reais)? Se a ideia te agradou, seja bem-vindo à França, que vai apostar nessa iniciativa para premiar os cidadãos que decidirem mudar o seu transporte por essa alternativa.
Sabe-se que em muitos países a eletrificação de transportes tem se tornado cada vez mais popular, muito por políticas governamentais de subsídio ao setor e, em países como a Noruega, em impostos aumentados sobre veículos a combustão.
O modelo tem logrado grande sucesso ao longo principalmente dos últimos anos, refletindo-se em aumentos de vendas expressivos em veículos elétricos, em geral. A França tem se tornado um grande exemplo para essa nova vertente ambiental.
4 mil euros por cidadão
Então, o que foi revelado pelo próprio governo francês é que cada pessoa que decidir “abandonar” o seu carro e optar por uma bicicleta elétrica, será dado o valor de 4 mil euros como incentivo.
Apesar de não parecer uma realidade muito próxima a nós e um negócio real, entende-se que o governo tem apostado em acelerar o processo no que diz respeito à eletrificação de transportes no país. Esse incentivo monetário, portanto, colabora para que os cidadãos deem passos mais largos e optem por algumas alternativas mais ecológicas e limpas para o transporte do dia a dia.
Vale lembrar que essa medida não possui um limite de pessoa por família. Além disso, a bonificação poderá ser aproveitada por qualquer um que quiser fazê-lo e pertencente ao agregado.
Porém, é importante ressaltar que esse é o valor máximo do incentivo, sendo ele atribuído somente para as famílias que possuem rendimentos mais baixos e, ainda, que residam em zonas urbanas com baixa emissão. Para os demais cidadãos, o acesso ao incentivo também ocorrerá, porém em valores mais reduzidos.
Sobre a utilização desse valor, os apoios não estão limitados somente para as bicicletas elétricas. Sendo assim, é possível gastar o valor em outras propostas mais tradicionais, desde que a bicicleta não possua um motor com combustão.
Maiores incentivos a eletrificação
O subsídio para a troca de carros por bicicletas elétricas já vem sendo introduzido na França desde o ano passado. Recentemente, o governo percebeu a necessidade de aumentar as medidas nesse sentido, incentivando os veículos elétricos no país. A estimativa é de que até o ano de 2024, pelo menos 9% da França mude para as bicicletas. Atualmente, os dados dão conta de que 3% da população utiliza a condução.
Espera-se também que o governo invista aproximadamente 250 milhões de euros para viabilizar e tornar a cidade de Paris mais adequada para as bicicletas. Após a reeleição em 2021 da presidente da Câmara da cidade, Anne Hidalgo, a promessa é de que nos próximos cinco anos seja adicionado um total de 130 quilômetros em ciclovias mais seguras. Vale ficar de olho nessa nova realidade muito mais consciente.
Controvérsias
Em lugares como a Califórnia, nos EUA, e a Europa, governos vêm tentando ao máximo atingir metas de carbono-zero, adotando fontes renováveis como eólica e solar e desativando fontes fósseis, de termoelétricas, além da interrupção das atividades das nucleares. Tudo em busca de uma matriz energética “mais verde”.
Ocorre que, como Elon Musk advertiu, a transição não é tão simples: veículos elétricos precisam que sua eletricidade seja produzida em uma usina e isso aumenta a demanda num momento em que usinas vêm sendo desativadas, removendo a oferta. Some-se a isso a crise gerada pelo gás durante a guerra na Europa e tem-se uma tempestade perfeita para aumento generalizado no preço da energia, o que pode arruinar os esforços.
Já vemos exemplos de contas de luz disparando para empresas em toda a Europa, com vários negócios experimentando aumentos acima de 400% na Itália, França e Reino Unido, que nem faz mais parte da União Europeia. Futuros de energia alemães já chegam a preços 8 vezes acima do ano passado.
Que veículos elétricos são uma belíssima inovação, com aproveitamento muito melhor de energia e podem contribuir para redução geral de emissões de poluentes, não restam dúvidas. E nós, do CarroBonito.com, somos entusiastas da tecnologia.
Mas é preciso pesar prós e contras. Veículos elétricos ainda são notavelmente mais caros para produzir que os equivalentes a combustão, fora do alcance de boa parte da população. E com governos muito endividados e uma economia já sofrendo forte desaceleração por falta de energia, como será que estaremos no mesmo período de 2023? O euro continuará sua queda, tornando os 4 mil euros insuficientes? Será que essa transição pode continuar a ser forçada assim? Não seria melhor um modelo com carros híbridos, utilizando motor a combustão flex com etanol, junto do elétrico, no modelo já demonstrado pela Toyota, por exemplo?
