Ter e manter carro ficou mais barato em julho, com forte deflação de 2,13%, puxada, principalmente, pela queda no preço dos combustíveis.
Uma notícia boa tanto para quem possui um carro, quanto para quem tem o sonho de comprar um. Em julho de 2022, a inflação sobre os veículos recuou 2,13 pontos percentuais, na prática, uma deflação (movimento de contrapeso da inflação a partir de medidas monetárias e/ou financeiras). Esse dado costuma ser bem raro na série histórica brasileira, os últimos registros remontam a 2015/2016.
Mas, o que de fato significa para o consumidor? Significa, entre outras coisas, que o preço de aquisição pode ser “levemente” reduzido e o custo para manter (subentende-se: manutenção, revisões, alinhamento etc.) também. Conclusão, ficou mais barato ter um carro e, diante do contexto recente – marcado pela reabertura completa dos mercados pós-pandemia – isso é um fato muito chamativo, veremos adiante o porquê.
Inúmeras causas podem influenciar essa queda observada, contudo, atribuir uma relação de causa e consequência antes da experimentação comprovada é andar de mãos dadas com o erro. Assim, a Autoinforme fez uma análise onde foi possível observar uma relação direta entre a queda do preço do combustível (10,26%) e a deflação, isto porque eles impactam até 35% no custo e manutenção do veículo. Serviços de oficina e seguros subiram na casa dos 9 pontos percentuais. Com isso em mãos, a Autoinforme concluiu que o custo para se manter um carro é algo em torno de R$ 2026,55. Contudo, gostaria de chamar atenção para dois pontos trazidos pela Autoinforme: peças de reposição e impostos.
O valor gasto com peças de reposição recuou pouco mais de 3% e os impostos sob a importação permaneceram praticamente inalterados. Tais números são pequenos e à primeira vista não chamam tanta atenção, porém, se analisados em um contexto mais amplo, veremos sua importância. Há pouco tempo, o mercado vivenciava a falta de muitos materiais/peças essenciais à fabricação de seus produtos, sobretudo, no período auge da pandemia, e as leis que regulamentam a ação dos mercados determinam que quando a oferta é baixa mas a procura é muita, os preços deverão subir e tal foi o ocorrido – carros usados assumiram o mote de seminovos – pela primeira vez, alguém comprou um carro, usou e depois o vendeu por um preço mais caro, em casos extremos a valorização chegou a pouco mais de 7%. E agora vem o ponto chave da questão, com os mercados retomando sua força, o número de peças e modelos disponíveis aumentaram, porém a busca por carros novos e usados diminuíram (15% para os novos e 20% para os usados). Por isso, muitas montadoras estão com seus pátios lotados de veículos. Este sim, é um fator preponderante na inflação dos veículos, a quantidade disponível. Agora, a oferta é muita, mas a procura é pouca, logo, os preços deverão cair.
Por fim, uma ressalva, embora os preços tenham sofrido uma leve deflação, cenários prolongados de deflação não costumam representar bons significados. Nesse sentido, a permanência desse cenário pode significar a perda do poder aquisitivo, desemprego, economia sem crescimento entre vários outros possíveis. Por isso, se atente sempre a boas práticas de gestão financeira e cuide bem de seu veículo para prolongar sua vida útil.